quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Como bloquear vídeo de notícias de desporto d'O Jogo

A nova adição ao site do jornal O Jogo (um flash com notícias de desporto) seria uma coisa interessante... não fosse o facto de começar automaticamente com som, o que se torna extremamente desagradável quando se quer ouvir música ou se está a ver um filme.

Devido à maneira como o site é feito, grande parte das frames que aparecem do lado direito estão de tal forma "escondidas" que os plugins (pelo menos do chrome) de ad-block não os conseguem detectar automaticamente.

Depois de alguns minutos  à procura dentro de tabelas de tabelas de tabelas de tabelas consegui, finalmente, encontrar o culpado.

Para bloquear o player no AdBlock do chrome vão ao botão da barra -> options -> customize e escolham "Edit - Manually edit your filters".

Adicionem a linha http://static.eplayer.performgroup.com/ptvFlash/eplayer2/Eplayer.swf

E voilá, o filme desapareceu.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Texto CT 2

Era uma tarde quente e entediante de final de Verão. O suor escorria pela testa de Isabel enquanto tentava, desesperadamente, por um vídeo preparado para a aula funcionar.
Mulher morena, de meia idade, Isabel acreditava que a imagem era um elemento essencial para um professor. Todos dias seguia o mesmo ritual, cabelo longo, sedoso e brilhante cuidadosamente arranjado num risco ao lado a envolver duas argolas discretas mas elegantes que combinavam com o já habitual colar dourado, uma herança de alguém próximo.
Portanto, o suor não estava a ajudar. No meio do burburinho ensurdecedor - murmurado mas forte - trabalhava incessantemente para conseguir emendar o seu erro.  Sim, o erro tinha sido dela, - se os seus vastos anos de experiência lhe tinham ensinado alguma coisa, era que a preparação e o teste do material eram um passo essencial de qualquer apresentação.
Desespero. A turma ameaçava um “coup d’etat”, as mentes dos alunos a começar a divagar pelo interminável mundo do ócio, consumindo o precioso tempo que devia estar a ser usado para a sua formação.
Isabel levantou a cabeça. Com gestos nervosos mas precisos, olhar brilhante e determinado encontrou, num momento de rara inspiração, a solução. E agiu.
Ligou a apresentação que tinha trazido e começou a falar. A pressão ameaçava tomar-lhe conta da voz, mas tal não aconteceu e com firmeza e convicção apresentou a sua ideia. O filme seria esta aula, os actores ela e os alunos e o guião... O que se tinha passado. De imediato o anfiteatro parou. Com olhares curiosos mas culpados, os seus movimentos eram seguidos de forma tímida, como que um grupo de crianças apanhadas com a mão nas bolachas.
Ela tinha ganho, novamente, a atenção da plateia. Com este sucesso moderado, agarrou a explicação sobre o texto narrativo como se tal dependesse para sobreviver. Esteve quase a afogar-se, mas a bóia de salvação estava mesmo ali a escassos metros...
E o resto é história.  Ao chegar a casa, à noite, enquanto olhava distraidamente para a televisão, com um copo de vinho do porto velho e um bom livro na mão, não conseguia deixar de pensar. Se tivesse, realmente, mostrado o vídeo, teria a aula corrido melhor? Teriam os alunos mostrado o mesmo nível de interesse na elaboração do texto?
Nunca saberá. Mas não interessa. Amanhã é um novo dia e o ritual começa novamente, com intermináveis variações e outras tantas soluções. A vida não acaba.

Texto CT 1

O João corria... Dois policias seguiam-no numa desenfreada perseguição.

Cansaço.

As pernas começavam a não responder. O esforço despendido nos últimos dias estava, finalmente, a apanhá-lo. Teria valido a pena? Talvez. Mas tinha que agir rapidamente, ou não viveria para meditar sobre a história. Acelerando o passo da corrida virou à esquerda, para uma ruela tenebrosamente estreita e escura. Os muros altos que o cercavam ajudavam a transportar o som, ecos distantes de gente a movimentar-se na sua direcção. Já não eram só dois.

O pânico apoderou-se dele. Olhando à sua volta viu um dos muros tricotado por uma rede de canos, cicatrizes disformes de épocas passadas, restos de uma civilização que dava mais atenção ao funcional do que à estética.

Utilizando o pouco que lhe restava das suas forças, começou trepar como se de uma escada se tratasse, o metal velho e enferrujado a ameaçar ruir perante o seu peso, chiando suavemente a cada passo dado.

Passou para o outro lado. O contraste atingiu-o como uma flecha! Encontrava-se num jardim relvado e bem cuidado. Ao fundo, uma casa imaculadamente branca, minimalista, forrada a janelas espelhadas, reflectia as preguiçosas cadeiras rochas e brancas que perfaziam a área de jantar.

Começou a ouvir um chilrear suave. Alguém trepava os canos. Tinham-no descoberto.

Caos. Iniciou-se com um tiritar suave seguido de um roncar monotónico. A racha no muro, onde do outro lado se encontravam o polícia, apareceu vinda do nada. Seguiu-se um estrondo ribombante. Sem parar para ver, correu em direcção à piscina, desviando-se das espreguiçadeiras e do pára-sol roxo e tropeçando no que supôs ser uma lâmpada. Não interessava. Rastejou para dentro das águas cristalinas cor-de-céu e encostou a cabeça ao rebordo, esperando.

O Silêncio que se seguiu era ensurdecedor. Os minutos pareciam horas. Horas pareciam dias. Não sabendo ao certo quanto tempo passou dentro de água, ainda hoje João treme ao pensar nos momentos que se seguiram à saída da água. Na altura apenas reparou no sangue que escorria relutantemente pela calçada, mas veio a saber pelos jornais que cinco agentes tinham ficado soterrados por debaixo da derrocada.

Não tinha valido a pena. Todo o dinheiro do mundo não pode pagar a vida de um ser humano. Para ele o assalto tinha sido motivado por bem mais do que a ganância: o desafio.

E agora eles estavam mortos.